CRÔNICA - Andy Warhol, você me paga!

Quando eu imaginava o reconhecimento pelo meu trabalho, visualizava capas de revista (CARAS ou TIME) penduradas em bancas, nas calçadas; artigos em jornais (Folha ou NY Times), sendo atirados nas portas das casas; entrevistas inteligentes e bem-humoradas para o Jô ou David Letterman; dedicatórias e autógrafos; páginas amarelas da Veja; 20 perguntas da Playboy; programas de rádio sem me preocupar com a aparência; vitrines de livrarias, vendas de ingressos para assistir a filme sentado no chão, paparazzi… e, bem na minha vez, preciso mostrar o que como; com quem transo; os desembrulhos do que compro; as viagens que faço… tudo falando sozinho, enquanto olho para um pedaço de metal com tela de cristal líquido, colocando minha carreira não mão de pessoas que não estudam pra interpretar Nietzsche com o mesmo esforço que fazem para interpretar memes; que nunca dão uma chance a Djavan depois de escutarem repetidamente, 30 vezes, “senta, senta, senta…”; e que o único trabalho que terão, será o de usarem seus dedos, onde no máximo em 15 segundos, podem decidir quem deve ou não fazer sucesso nesse país.

texto: Rômulo, escritor e cineasta

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