Amores Materialistas é o melhor drama do ano, até agora

Eu não conhecia a cineasta sul-coreana-canadense Celine Song, apesar de ter escutado falar muito do seu projeto Vidas Passadas (2023), filme que foi indicado ao 96º Oscar por Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. Mas agora posso dizer que está sendo um prazer enorme saber quem ela é, não apenas por seu filme de 2023, mas por Amores Materialistas (2025), que infelizmente parece ter ganhado mais repercussão - antes da estreia - por seu elenco. O que  lamento muito, já que o drama romântico estrelado por Dakota Johnson (50 Tons de Cinza), Chris Evans (Capitão América: O Primeiro  Vingador) e Pedro Pascal (The Last of Us) - com certeza - até então, é a melhor estreia que assisti esse ano. 

Preciso admitir aqui, que topei ver o filme apenas por curiosodade. O interresse era maior em ver o sexy Pascal. E posso adiantar, o ator chileno-americano nem é uma das melhores coisas do filme. Sua atuação é facilmente ofuscada pela de Evans, que é mais popularmente conhecido por seus filmes de super-heróis. 

Mas Materialists (título original) vai muito além do seu elenco e suas interpretações. Sem sombra de dúvida, seu roteiro e sua direção são impecáveis. Não assisti, ainda, à Vidas Passadas, e como diretor de cinema, também, que assiste de tudo, a forma como o texto (excelente) é interpretado, e como tudo é dirigido, surpreende a qulquer um que esteja acostumado a consumir fórmulas comerciais demais.

Amores Materialistas conta a história de Lucy, uma casamenteira que trabalha em uma agência especializada em unir pessoas que estão em busca de um amor. Repleto de diálogos interessantes com os "clientes" - à primeira vista - essas reuniões pra traçar o perfil dos pretendentes, até parecem tosca, mas no decorrer, você vai percebendo que vão muito além, pois servem como um espelho, onde nos vemos refletidos nas exigências que nós mesmos fazemos quando estamos buscando alguém.

O filme está sendo divulgado como uma comédia romântica, mas na minha opinião, está longe disso. A começar por esses diálogos, que causam muito desconforto quando nos enxergamos naquelas pessoas, que estão buscando exclusivamente homens brancos, acima dos 1.80m de altura e ganhando mais que 100 mil dólares ao ano. Ou então, mulheres com no máximo 25 anos - brancas também - e sem filhos. 

Mas o filme vai além disso, Lucy, acaba conhecendo Harry, personagem de Pedro Pascal, um investidor rico e solteiro, mas que acaba interessado na casamenteira, que logo expõe ao galã, sua realidade, e verdadeiras intenções. Mas ainda assim, acaba cedendo ao ricaço. Enquanto, ao mesmo tempo, se ver balançada com um amor do passado: John (Chris Evans), um ator tentando ganhar espaço, mas que trabalha como garçom, para pagar o aluguel que divide com mais dois amigos. 

O texto de Celine é maduro e cortante ao mesmo tempo. Com uma direção calma, profunda, sem trilha sonora, que te coloca dentro do filme, vivendo aquelas situações dos personagens, e te faz refletir o tempo inteiro. Com destaque para uma cena no meio do filme, entre Lucy e Harry, quando a casamenteira descobre um segredo daquele partido que parecia perfeito, e faz com que a gente tenha vergonha em fazer o que fazemos para agradar as exigências que a sociedade nos ensina, para que possamos encontrar no amor. 

Amores Materialistas estreia 31 de julho nos cinemas brasileiros. 

texto: Rômulo, escritor e diretor de cinema

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*postagem do dia 25 de julho de 2025

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