CINEMA - Mãe de Padre

A casa de Dona Bertulina para quem tem um olhar artistico, principalmente para fotografia, é uma verdadeira galeria de arte. Tudo ali respira poesia. Uma poesia sobre as familias do nordeste brasileiro. Uma casinha antiga com uma vista que causa inveja em muitas coberturas de luxo nas cidades grandes, completamente cercada por vários tipos de plantas e flores. Muita grama e área verde, açude, cavalos, galinhas e cachorros de rua. E no meio de toda essa paisagem natural, um arranjo de flores de plástico sobre a mesa da sala de jantar, em volta da mesma embalagem de quando foi dado de presente por seu filho. Esse é um hábito muito comum de muitas casas humildes, pricipalmente do nordeste brasileiro. Manter alguns objetos com a embalagem de fábrica, para não sujar. Essa imagem me chamou muita atenção, a transformei em fotografia, e deixei ali, na memória do meu celular. Uma imagem que tinha muito significado pra mim, pois vinha carregada de muitas lembranças. Lembranças das minhas próprias vivências, de vir de uma familia onde parte dela, também pasosou por muitas dificuldades na vida, e quando teve oportunidade em adquirir algumas coisas, preservou-as em plásticos, com recio de estragar e não ter condição de aduquirir novamente. 

A casa de Dona Bertulina fica no povoado de Genipapo, municipio de Igreja Nova, estado de Alagoas. Estava lá para as gravações do projeto audiovisual De Padre Junio Para Junio que documenta a trajetória do padre diocesano de Eunápolis, na Bahia, Junio Ferreira, filho de Dona Bertulina. O que eu não imaginava é que aquela casa, aquela fotografia, aqueles objetos, plantas, flores, cenário e Dona Bertulina, fossem me influenciar para contar outra história, a história da mãe de um padre. Mais do que qualquer história comum de muitas mães e as relações com seus filhos, o depoimento e o desabafo de uma mãe que encontregou seu fruto pra servir à Deus, mas que o perdeu para algumas realidades desconhecidas da grande maioria das pessoas, que esquecem que aqueles homem que ali estão, abdicaram de suas vidas particulares, incluindo deixar familias e sonhos para trás. Mas ainda assim, quando tiram a batina, voltam para a casa paroquial  no domigo após a missa, mergulham em uma profunda  solidão - e em alguns casos - até uma depressão que mães como Dona Bertulina se quer podem imaginar eu seu pior pesadelo. 

Uma vez em São Paulo, ouvi de alguém na rua, que a terra da garoa é lugar onde filho chora e mãe não vê. E acompanhando por quase dois anos padre Junio em sua missão, documentando tudo, percebi que essa é a mesma realidade de muitos padres. Padres que por mais que façam parte de uma igreja tão rica de dinheiro como a igreja católica, muitas vezes passam fome, problemas de saúde, moradias completamente desestruturadas e solidão. Ferias e folgas são direitos, está no papel. Mas na realidade, muitos acabam nem aproveitando. Primeiro porque o sslário muitas vezes não é o  suficiente para poder voltar a sua terra e visitar sua familia e amigos; segundo, porque acabam usando a sua folga para cumprir metas extremamete exigentes de alguns bispos, no intuito de sustentar luxos que muitos padres, jamais vão conhecer. 

Mãe de Padre é mais que desabafo e história de uma mãe, mas a realidade dos filhos, também. A realidade de muitos homens que abdicam dos seus sonhos para servir à Deus, mas que muitas vezes, são abondonados por suas próprias instituções. Um produto audiovisual da produtora O Diretor , com direção de Rômulo André Álvares e apoio do Governo Federal, através do Miistério da Cultura. 

Para mais detalhes e informações sobre a produção e lançamento do filme-documentário, acompanhe nosso portal ou o perfil do nosso diretor no instagram. 


 

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